Outro dia me peguei pensando em duas formas de fazer uma defesa: Uma contando mentiras e outra contando verdades. A que contava mentiras era muito mais fácil, rápida e convincente. A outra não.
Eu não formei em Direito para isso. Para inventar histórias, criar cenas, fazer minha própria realidade. Para isso eu já fui publicitária! Profissão que tem essa prerrogativa e todos estão cientes da inventividade ali existente. Mas quando se trabalha com justiça, as pessoas partem do pressuposto que você está falando a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade, certo?!
Para quem não vive nesse mundo, pode ser novidade, mas o Direito, infelizmente, tem muito de farsa. São muitas as simulações (criar o que não existe) e dissimulações (esconder o que existe) que observamos na rotina jurídica. É triste, mas comum. E ser comum é tão besta…
O trabalho sempre apresenta essas escolhas e cabe ao advogado, trainee, estagiário avaliar com a sua própria consciência o que fazer.
Nós estudamos muito, e também vivemos muito para conseguir enxergar que o mundo das mentiras não vela a pena. Bom, eu acho que não vale a pena. Me entristece.
Provavelmente, nunca serei uma advogada rica. Pelo menos não da noite pro dia. O caminho mais justo, nem sempre é o mais curto! Mas, sabe, já trabalhei para grandes clientes e ainda trabalho. Nunca me pediram para inventar, para mentir, para falsificar. Isso é muito mais uma escolha do próprio profissional que dos demais. E se não for, está tudo completamente errado.
O mundo precisa tanto de advogados honestos… Esse tipo de coisa a OAB não mede, né?!
Isso sim seria a defesa do cidadão!
Li a tristíssima postagem de site Exame da Ordem com o título “Você quer ser advogado para o que mesmo?” (imagens muito fortes, cuidado) e recordei-me do quanto eu precisei de forças para estudar pra essa absurda prova da OAB para poder, então, ter o aval de ajudar a criar o mundo que eu entendo como melhor. Foi muito difícil, mas imensamente gratificante.
Tenho muitos sonhos ainda a conquistar. E quero abraçar causas como se estivesse ganhando milhões por elas. É um perigo querer fazer diferença, né?! Mas minha mensagem para os que estão na mesma empreitada é, seja advogado. Cobre bem pelo serviço, mas não se venda. Não deixe de ser você.
“Essa é a verdadeira alegria da vida: ser útil a um objetivo que você reconhece como grande”. Bernard Shaw
14 agosto, 2011 às 8:43 pm
Parabéns pelo texto! Compartilho com vc a vontade de fazer a diferença como advogada e trabalhar em prol da verdade. Parabéns.
14 agosto, 2011 às 11:43 pm
Obrigada, Silvia! Quem sabe um dia não possamos trabalhar juntas?!!! :-)
Abraço
15 agosto, 2011 às 10:56 am
Tive a mesma reflexão que você, prestei o compromisso a mais ou menos um mês, e em minha primeira nomeação em um processo criminal ao fazer a resposta à acusação essa questão surgiu.
E agora? Posso tentar instruir o processo por meio de algumas mentiras com chances de absolver o réu, ou usar da verdade para seguir os princípios a que jurei seguir com uma provável condenação? Seria um conflito, ao mesmo tempo que você deve defender os interesses de seu cliente, você esbarra no dever de buscar alcançar a justiça por meio da verdade.
Não tive dúvidas de seguir os ideais da verdade que sempre me inspiraram durante a graduação, por isso senti um conforto a ler a sua frase: “Ser útil a um objetivo que você reconhece como grande.”
16 agosto, 2011 às 7:10 pm
E é de GENTE assim que esse País e esse mundo tanto precisam: Aqueles que não renunciaram à esperança, à verdade e ao sonho de um mundo melhor.
Vamos contra a maré, porque luz de lamparina, por mais tênue que seja, já afasta a escuridão.
Didi, achei no Youtube esses dias o discurso de promulgação da nossa CF/88. É emocionante e talvez renderia um bom post:
Abraços
17 agosto, 2011 às 7:34 am
Parabéns Didi, belo texto. Que você sempre possa se orgulhar do seu trabalho!
“O maior valor da vida não é o que você obtém.
O maior valor da vida é o que você se torna.”
Jim Rohn
Muda tudo na advocacia!
Abraço
27 agosto, 2011 às 12:09 pm
Parabéns pelo blog.
Sempre o acompanho.
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