Brutus era um cachorro grande. Mistura de Rottweiler com Pastor Alemão. Era forte, mas inofensivo. Era amigo das crianças e guardião da casa. Brutus tinha um amigo menor, Snoop, o pincher. E só queria brincar.
Um dia o pessoal do Controle de Zoonoses de Belo Horizonte foi visitá-los para um exame de rotina de leishmaniose (a terrível epidemia). Fizeram o exame no Snoop, mas Brutus não entendeu o que queriam. Quando chegou sua vez, se debateu, forçou a corda que amarraram, levou vários golpes dos técnicos que não tinham técnica alguma e desmaiou. Os técnicos desistiram e foram embora.
Dois dias depois, Brutus faleceu.
Seu dono, que não estava em casa na hora, levou o cão para perícia na Escola de Veterinária da UFMG e depois, com o laudo, foi até a divisão de assistência judiciária da mesma univerdade ajuizar uma ação contra o município.
Semana passada saiu a sentença. A família de Brutus ganhou. Pouco, apenas R$ 1635,00 a título de danos morais, mais o preço de Brutus que era R$ 150,00. O valor é baixo, mas o ganho é inovador porque geralmente os juizes não estão nem aí pros animais de estimação.
Minha amiga e colega de trabalho, Luísa, foi uma das responsáveis pelo sucesso. Ela trabalhou pessoalmente no caso e ontem foi entrevistada por um jornalista do Estado de Minas.
A procedência nessa demanda indica uma possível melhora na compreenção do judiciário sobre a dor da perda de um animalzinho e sobre a irresponsabilidade de muitos dos trabalhos realizados pelo município que, inclusive, não conheciam em sua própria cartilha a orientação de sedar o animal quando estiver muito assustado.
Brutus se foi. E vai deixar saudades. Mas sua partida não foi em vão. Pobre, Brutus…
Mais:
PBH deve indenizar por morte de cão
A notícia que saiu no site do Estado de Minas
“Se os cães não vão para o céu, quando morrer quero ir para onde eles vão… ” (?)
16 julho, 2011 às 10:51 pm
Cheguei aqui no seu blog por acaso, nem me lembro o que de direito que digitei no google, só sei que felizmente vim parar aqui :)
Quanta sensibilidade nas palavras, enchi os olhos d’água com a história do pobre Brutus.
Parabéns pelo blog e pelo dom de escrever com sentimento.
Abraço,