Hoje (que já é ontem) saiu o resultado do concurso para ingresso na magistratura. Muita gente no estágio e na faculdade comentava conhecer alguns dos felizardos que passaram e alguns dos infelizes que não passaram.
Entre meus parabéns e meus sentimentos, ficaram pipocando questões na minha cabeça.
Sabe, acho impossível chegar até lá sem ter algum mérito. Sim, claro, para você passar num concurso com taaaaaaantos candidatos, você tem que ser, obviamente, muito bom! Mas tenho duas questões para colocar:
1) A prova oral é constitucional? Como são formuladas as perguntas? Qual é o critério para a escolha das perguntas que serão feitas para cada candidato? Essa fase é filmada? Como pode o candidato fazer recurso? Como pode o candidato saber que não está sendo favorecido ou prejudicado pela banca? As questões são sorteadas? Quem as analisa?
Sem um critério colocado de forma aberta e objetiva para todos, acho que, ainda que os que chegam à última etapa do concurso sejam muito bons nas matérias estudadas, pode haver algum desfavorecimento ou favorecimento nesta fase. É subjetivo demais para algo tão importante.
2) Ouvi casos de pessoas que pararam de trabalhar, que ficaram mais de 10 anos estudando, que se trancavam no quarto e não saíam nem pra jantar com a família só para estudar. Acho lindo gente estudiosa. Mas, vem cá, gente bitolada com isso, que não sabe o que é trabalhar numa empresa particular, que não sabe que o assassino do Tim Lopes fugiu cumprindo pena ( e foi capturado), que não sabe o que é twitter, nem que o visto americano agora vale por 10 anos e que meninos de 15 já estão investindo na bolsa… essa pessoa teria mesmo o direito de decidir sobre a vida de outras pessoas porque ela teve tempo e disposição pra se trancar na frente dos livros?
No meu estágio me deparo com muitas decisões estranhas, irresponsáveis e até incoerentes… Vejo que, não poucas vezes, há um afastamento do magistrado em relação à vida “lá fora”. E isso é muito delicado.
Espero, de coração, que não seja o caso desses novos juízes. Que eles trabalhem não só pela boa remuneração, mas pelo amor à justiça, ao Brasil e a este planeta que precisa demais de gente boa e do bem pra labuta diária.
Mais:
Concurso para Juiz pode passar a ter disciplina de Direito à Saúde
Você sabe o que é ser juiz criminal?
Aspectos práticos da vida do juiz
Coisas que um futuro MM deve (pode) saber (ou não):
Uma em cada sete mulheres já realizou o aborto
Adolescentes já estão sendo punidos por bullying
Facebook muda seus controles de segurança
Como se dá a distribuição de cores no pacotinho de M&Ms?
“Muda! Que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo da mudança da mente, e quando a mente muda a gente anda pra frente, e quando a gente manda ninguém manda na gente.” Gabriel, o Pensador
28 maio, 2010 às 1:11 pm
Didi, faz já um bom tempo que leio teu blog e sempre achei muito bom, entretanto, teu post de hoje foi além – ao ponto de me fazer deixar esse comentário! (leio sempre pelo google reader, lá não dá pra comentar)
O Judiciário está muito afastado da vida real, você tem toda razão. A Justiça do Trabalho, por exemplo, vive num mundo em que o empregado nunca falta com a verdade e a empresa é sempre um império em busca da volta da escravidão – ainda que seja o Zé da padaria. Falta vivência da realidade. Que os juízes conhecem a lei, a doutrina, não há dúvida (pelo menos, o que estava em vigor na época do concurso em que passaram) mas muitas vezes falta conhecimento da realidade do mundo atual e das relações que vão mudando em alta velocidade. E é uma grande falha que esse tipo de conhecimento fique fora dos processos seletivos.
Parabéns pelo blog (e perdão pelo comentário gigante!) =)
28 maio, 2010 às 2:01 pm
Carolina, adorei seu comentário e concordo demais. Tomara que a gente possa contribuir para alguma evolução no judiciário.
Um abraço e comente sempre. Comentários gigantes são muuuuito bem vindos!
29 maio, 2010 às 1:06 am
[…] Site: https://direitoelegal.wordpress.com/2010/05/28/mms-juizes-do-futuro/ Fonte: https://direitoelegal.wordpress.com/feed/ VN:F [1.8.9_1076]Salvando…Rating: 0.0/10 (0 votes cast) Adicionar aos favoritos […]
29 maio, 2010 às 11:16 am
E o legal é que o post (tempo) anterior pode ser linkado a este. Estou convicto, Didi, de que o MM (ou candidato a) não deve viver enclausurado por seu livros. Suas convivência social contemporânea deve também consituir-se em meio de consulta, para que a sua sentença não esteja apenas de acordo com a norma, mas também de acordo com o seu tempo. Até.
21 junho, 2010 às 8:48 pm
10 anos é muito tempo de estudo e se atuante na advocacia certamente o retorno é mais gratificante que a magistratura, digo em termos financeiros.
Sucesso aos aprovados!
20 agosto, 2010 às 12:40 pm
[…] do concurso pra juiz? Por Didi Aquele que eu falei há um tempo? Que era muito controverso… que diminuiram a nota de corte para passar filhas de […]
22 abril, 2011 às 9:27 am
Em primeiro lugar, eu gostaria de me reconhecer como ser humano; depois, com certeza eu diria: Mas quem sou eu, Senhor! Para com autoridade perdoar os erros de alguém?
– Mais só pelo arrependimento, o respeito, a humildade e a coragem que a pessoa tem; de chegar e sinceramente pedir um perdão, já é o bastante pra não se negar uma anistia! Porque a sujeira de um êrro que te enlameia o peito, só mesmo a confissão, incluindo um pedido de perdão! Pode ser essa, a única coisa que dá jeito. Agora quando se fala de Juiz, o Meritíssimo; inevitávelmente muda tudo, por que o julgamento não vem do espírito, mas da carne. – Portanto, fale pouco e do que é bom, para que (mais tarde) depois, o teu corpo não pague pelo que saiu da tua boca; porque o tributo mais pesado que nos é impôsto, é o que vem das palavras. #@mmsopensador
21 agosto, 2011 às 2:01 pm
Não sou jurisconsulto, nem tampouco, nenhum santo! Mas, na verdade sou um, dos verdadeiros inimigos da injustiça.
Homens e empresas, obrigatòriamente, necessitam ter uma lisura impecável; que seja de categoria: Estatal, ou Privado.
Um cidadão de 67 anos, foi injustiçado por um certo sistema bancário, que nada fez por uma auditoria legal, nos recibos de faturas quitadas desse mesmo cliente.
Portanto, enquanto a Constituição dorme, e a OAB cochila; as leis tripudiam, encima da própria lei.
19 setembro, 2011 às 9:14 pm
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