O que aconteceu com os nossos verbos?

Me parece que a língua que herdamos dos colonizadores europeus sofreu recentemente uma mudança drástica em seus verbos. O infinitivo acabou e o passado também. Na nova linguagem coloquial essa frase deveria ficar « o inifitivo acabo ». E na última frase, eu diria « deveria fica ». Veja que em um lugar cortei o « u » e em outro o « r ». É um processo que não acho muito bonito, mas que entendo como se deu. A linguagem oral há muito tempo cortou essas letras da fala. Assim como o você virou « oce » e « ce ». Oque também não é tão estético, mas que acontece mesmo entre os mais cultos ! Aliás, houve alguma palavra mais modificada na nossa língua que o você, vossa mercê ?!

Não se anime ! O fato de essas palavras terem mudado sua escrita em situações cotidianas como de mensagens de celular e redes sociais não significa que você possa enviar algo para seu cliente nesse nível ! Nem para seu chefe ! Nem para uma resposta à justiça ou à administração pública.

Todos os verbos tem infinitivos terminados em R : Amar, cantar, cair, sair, partir, criar, andar, escrever, juntar, colar, entender, apontar, ver, ser, esquecer, lembrar, aprender, merecer, compor, esperar, ler, unir, opor, soar, mover, dormir, acordar etc !

Não é uma regra tão difícil assim de aprender. Mas é uma regra que ficou preguiçosa com a escrita de todo dia. O que eu acho engraçado é que ao mesmo tempo que as pessoas tiraram o R dos infinitivos, colocaram um « i » no « mas ». Inclusive, fazendo com que a escrita do « mas » português fique idêntica à forma francesa ! Mas vale lembrar que o « mas » de oposição de ideias é sempre sem i, pois se você coloca « mais » vai passar a ideia de adição, o que pode confundir, ou só ficar feio mesmo.

Voltando aos verbos, o outro problema ficou para os verbos na terceira pessoa no passado : ,Ele caiu, adaptou, aprendeu, esqueceu, amou, entendeu, viu, colou, esperou, leu, soou, dormiu. Ele cresceu. Ela uniu. Ele virou. Ela mudou.

A regra aqui não é tão fácil. Existe um grau de dificuldade. A maioria dos verbos conjugados na terceira pessoa do singular podem ser escritos no passado com o « u » no final, mas os verbos terminados em « or » (compor, opor, pôr, supor, repor etc) são escritos com « S » no final. Ela compôs, ele opôs, ela pôs, ele supôs, ela repôs. Fica um pouco mais difícil, é verdade. Mas não é muito.

Penso que escrever e falar são duas armas preciosas que a gente tem para mudar o mundo, se comunicar, aprender, pedir e ensinar. Não domino nenhuma das duas como gostaria, mas aprecio muito quem domina. Este texto não é para ofender ninguém, é apenas para relembrar algumas regras que parecem ter sido esquecidas, e que são importantes. Fazem diferença no cotidiano. E deixam os diálogos mais claros e mais bonitos.

 

Mais:

Um site que ensina português

Os verbos que derrubam

Dica do dia: Não confundir mais

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Uma resposta to “O que aconteceu com os nossos verbos?”

  1. portugueselegalcarolecarol Says:

    Olá, Didi, tudo bem? Li seu texto por indicação de uma pessoa e resolvi que valia a pena comentar. Na verdade, tenho um site sobre língua portuguesa (Português é legal, que coincidência!) e de vez em quando leitores me mandam links pedindo minha opinião. Foi assim que vim parar aqui. Na verdade, não é que “a língua que herdamos dos colonizadores europeus sofreu recentemente uma mudança drástica”; o que herdamos vem mudando drasticamente em todos os aspectos desde sempre e não há como conter essa mudança. O que acontece é que depois que a gente estuda as normas aceitas em nossa época qualquer desvio delas causa estranhamento, mas imagine alguém que viveu uns 200 anos atrás, por exemplo, o que pensaria da forma como escrevemos hoje. “Meu deus, eles reduziram pra ‘você’, não escolhem mais ‘pharmácia’, nem ‘molier’, nem ‘homi’!”. Enfim, como vi que o conteúdo do seu blog é bem bacana (e acabo, sem querer, estendendo a característica à dona), achei que seria legal comentar pra dizer que na verdade tudo se trata de costume, em especial quando falamos sobre algo ser mais “bonito”. Temos muitos textos e vídeos no site sobre isso, se você se interessar. Pra terminar, não custa a gente pensar no francês, idioma em que se escreve “les filles” e que, na modalidade oral, só tem a marcação de plural no artigo. É o mesmo que acontece em “as menina”, por exemplo. O plural no artigo basta para indicar que se trata de mais de uma menina. Digo isso só porque ficamos com a impressão de que costumamos destruir o português quando, na verdade, a lei do mínimo esforço vale para todas as línguas já estudadas. Bom, chega, escrevi tanto que estou quase transformando isso em um post inteiro, rs! Espero que tenha conseguido mostrar um outro lado sobre esse assunto. Abraços, Carol. carolinajesper@gmail.com

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